Sexta-feira, 25 de Abril de 2008

Saiu em Zero Hora: Expedição Jacuí, falando de Espumoso/Tapera

Olha só a matéria que saiu na Zero Hora dessa sexta-feira, 25/04. Ontem a Expedição Jacuí, deu enfoque ao Minhocão do Jacui.
Veja a íntegra da matéria

Navegar na área urbana de Espumoso, divisa com Tapera, é testemunhar o que de pior o homem pode fazer com a natureza

Humberto Trezzi
A agricultora Marilene Hübner tem saudades dos tempos de pescaria farta nos fundos da propriedade, situada na confluência dos rios Jacuí e Colorado. Moradora de Tapera há 35 anos, costumava pegar traíras dando linhadas junto ao barranco, situado no distrito rural de Barra do Colorado. Agora, os cardumes de peixes deram lugar a conjuntos de vasilhames de agrotóxico boiando e lixo oriundo das vilas situadas Jacuí acima. As vacas leiteiras não bebem mais água no rio, em função do cheiro.
Roupas, sacos de lixo recheados de detritos, garrafas pet em número suficiente para abastecer geladeiras e até televisões quebradas se acumulam às margens. Na Vila Paz, em Tapera, crianças brincam em meio a um lixão improvisado na barranca do rio.O mau cheiro, permanente, vem de canos de esgoto jogado no rio. Até um sofá aparece, vez que outra.
Zero Hora fez essa travessia num bote a remo. Isso foi necessário para não encalhar, tanto em função das rochas - que formam um obstáculo natural no rio - quando em função dos bancos de terra, escorrida das lavouras. O lixo também acaba formando barreiras, que chegam a dificultar a navegação, em alguns pontos, para o timoneiro da expedição, o ambientalista Ilgo Koppling, vinculado à Associação para Pesquisas de Técnicas Ambientais e uma vida inteira passada à beira do Jacuí.
Lavoureiros, como dona Marilene, são os que mais reclamam. O lixo da cidade vai parar nas suas terras, sem que ela consiga desfrutar do luxo.
— Isso aqui era cheio de lontra. É tanto lixo que elas sumiram, mas vez que outra aparece alguma para alegrar a gente - comenta a agricultora. Próximo à propriedade dela, ilhas de detritos são formadas, principalmente vasilhames.
Agenor Fabris, 83 anos, é um dos mais antigos moradores de Espumoso e durante anos mediu três vezes por dia a temperatura da água do Jacuí e o nível, para o Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais (Deprec). É revoltado com a poluição.
— A gente pescava dentro da cidade, por todo lado. Agora dá até medo de pegar doença com esses peixes.
As prefeituras de Espumoso, Tapera e Selbach têm um plano de eliminação conjunta de poluentes hídricos na região. Isso seria feito com apoio da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e dinheiro financiado no Exterior. O contrato para construção de uma estação de tratamento de esgotos foi assinado em 2005 e vale R$ 10 milhões. Parte do esgoto de Espumoso já é tratada, em três bairros, avisa o prefeito da cidade, José Parizotto (PDT). A esperança é que o restante seja eliminado com a estação projetada.— Outro grande problema é o plástico jogado fora, aqui e nas vilas das cidades vizinhas. Mas é mais uma questão de educação que de tratamento — reconhece o prefeito